Em Abril do ano passado, em plena primeira vaga da pandemia, António Costa, o primeiro-ministro português, deu conta já que o Governo iria garantir acesso à internet a todos os alunos do ensino básico e secundário e que disponibilizaria equipamentos informáticos, numa iniciativa que iria muito além daquela que foi o projecto portátil Magalhães original.
Em resposta a estas declarações em jeito de promessa, de que agora muito se fala quando os alunos do ensino português estão de novo em confinamento e vão arrancar com as aulas presenciais, a empresa JP Inspiring Technology (JPIT), o novo nome da então JP Sá Couto, a mãe do original portátil Magalhães, referiu desde logo estar pronta para começar a produzir os novos portáteis, adequados aos tempos actuais.
Em Abril de 2020, e em declarações ao Jornal de Notícias, o administrador da empresa, João Paulo Sá Couto, referiu que a empresa ainda não tinha sido contactada, mas que tem capacidade e disponibilidade para produzir novos equipamentos para os alunos do primeiro e do segundo ciclos.
A JPIT está disponível para produzir novos equipamentos que satisfaçam a intenção do Governo de assegurar a universalidade das ferramentas digitais a todos os alunos no próximo ano lectivo.
Aliás, para os grandes detractores do Portátil Magalhães que o acusam de ter sido um passo em falso e uma iniciativa sem consequências, atente-se nalguns comentários de ex-alunos do primeiro ciclo que de viva voz quiseram dar conta da sua experiência e louvar a iniciativa levada a cabo há mais de 12 anos.
Leia-se por exemplo o testemunho da Diana Jorge:
Eu tive o meu primeiro portátil com o programa e-escolas. Consegui fazer o secundário e a Universidade com ele e só avariou no final do ano passado! Sem dúvida uma grande ajuda para famílias com menos rendimentos
Desde essa data até agora, não mais se falou nesta possibilidade.
Não conseguimos apurar se o governo apelou à colaboração da ex-JP Sá Couto, mas não seria absurdo recorrer a quem produz equipamentos essencialmente destinados aos primeiros anos de escolaridade. Equipamentos mais resistentes e que têm uma autonomia suficiente para um dia de aulas. Uma força produtiva que pode estender-se até aos equipamentos para o 2.º Ciclo.
O sistema operativo para estes novos Magalhães poderia vir de novo de uma parceria com a Microsoft e com a Intel, empresas que estiveram no programa e-escolas, que distribuiu mais de um milhão de computadores de várias marcas e no e-escolinhas onde foram entregues 650 a 700 mil Magalhães.
Ministério da Educação garante tardiamente 335 mil computadores a partir de Março
Passaram-se mais de 10 meses. Os computadores estão a ser necessários agora. E só já em novo confinamento e prestes a iniciar novo período de aulas online é que finalmente o Governo anuncia computadores … para Março!!!
O programa Escola Digital inclui a distribuição de computadores a alunos e professores, a capacitação de docentes e a disponibilização de recursos pedagógicos digitais. Segundo o ME será cumprido de forma faseada, tendo como meta chegar a todos os alunos e docentes das escolas públicas. Pelos vistos, o anunciado Março é apenas a primeira fase, o que quererá dizer que haverá alunos que terão que esperar ainda mais pelas fases seguintes!
O investimento estipulado para o programa que segundo os responsáveis visa a universalização da escola digital perfaz 400 milhões de euros.
Tempo demais à espera. Reacção muito pior que a do Programa Portátil Magalhães
Sejam os novos computadores, Magalhães ou outros quaisquer, durante todo o mês de Fevereiro, na melhor das hipóteses, os alunos não poderão contar com um meio de assistirem às aulas, e que mais uma vez, correndo o melhor possível, em Março, já afastados dos professores, receberão o portátil desejado e terão que com ele tomar contacto e prepará-lo para as aulas, quando isto poderia ser feito de forma bem mais eficaz durante o período de aulas presenciais, contando com a ajuda dos professores.
Um Comentário